Texto
produzido por: Francisca Meneses, Jailson Valentin, Márcia
Nielle, Mohana Jéssica, Nádia Narcisa, Walton Luz.
Tendo por base:
MARX, Karl. A maquinaria e a indústria moderna.
In: _________ O Capital: crítica de economia política. Livro I- 20º ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
O desenvolvimento da
maquinaria
Quando o capital
desenvolve as suas máquinas e meios de produção, eles não têm por objetivo diminuir
o fardo que os trabalhadores carregam, ou seja, diminuir a sua carga horária, o
seu principal objetivo é gerar a mais valia, diminuir o tempo de trabalho
efetivamente pago e aumentar o tempo em que o trabalhador exerce a sua função
gratuitamente e encurtar o tempo que as mercadorias levam para ser produzidas,
podendo com isso baratear as mercadorias, sem diminuir os seus lucros.
Para chegar ao estágio
de produção mecanizada o capitalismo partiu das ferramentas manuais,
imitando-as, só que em tamanho maior, e diferindo também no que diz respeito a
sua força motriz, as ferramentas eram impulsionadas pela força humana, e as
máquinas por forças diversas, como a água e o vapor. “A máquina ferramenta é,
portanto um mecanismo que, ao lhe ser transmitido o movimento apropriado,
realiza com suas ferramentas as mesmas operações que eram antes realizadas pelo
trabalhador com ferramentas semelhantes.” (MARX, 2002, p. 430).
A partir do momento em
que as máquinas passam a funcionar com a força da água, do vapor, entre outros,
o trabalho humano começa a ser dispensável, podendo facilmente ser substituído.
A produção aumenta e o número de ferramentas que o homem podia operar se
emancipa, fazendo parte agora de um mecanismo complexo. As máquinas expandem o seu tamanho e passam a
exigir motores cada vez mais potentes. A indústria por muito tempo ficou
limitada em seu desenvolvimento, enquanto dependia das forças humanas,
incapazes de fornecer um impulso continuo. A indústria moderna teve que começar
a produzir máquinas a partir de máquinas, como uma forma de produzir uma base
técnica adequada ao seu desenvolvimento.
Consequências imediatas
da produção mecanizada sobre o trabalhador
O uso das máquinas nas
indústrias diminui o esforço físico dos operários e possibilitou a inserção de
mulheres e crianças nas fábricas por um valor inferior ao que era pago aos
homens, ocasionando significativa redução do quadro masculino nas indústrias. Dessa
forma, o capital conseguia explorar a força de trabalho de toda a família,
obtendo um lucro maior.
A utilização dessas
novas forças produtivas, somadas à substituição de trabalhadores por máquinas
gerou uma população trabalhadora excedente, sujeitando os operários à lei do
capital. As mulheres, ao se ausentarem de seus lares para trabalharem nas
fábricas, deixavam seus filhos pequenos em casa. Devido à má alimentação, à
falta de cuidados e ao uso proposital de narcóticos, a mortalidade infantil foi
crescente durante esse período.
Na necessidade de
complementação da renda familiar, os pais vendiam as forças de trabalho das
crianças a partir dos 8 ou 9 anos, até que foi estabelecida pela lei fabril que
os menores só poderiam trabalhar a partir dos 13 anos. Contudo, essa
determinação não impediu que os pais e capitalistas burlassem as leis,
contratando médicos para aumentarem suas idades, permitindo assim a exploração
da força produtiva das crianças.
Imagem disponível em link |
A Lei fabril de 1844
foi criada para instituir a obrigatoriedade de ensino nas fabricas. Porém, a
educação nas indústrias não significava a aprendizagem, pois não havia
condições físicas e materiais e muito menos o interesse dos capitalistas em
instruir as crianças.
A jornada de trabalho
era de 12 horas diárias para todos os trabalhadores da fábrica (homens,
mulheres e crianças). Os operários, saturados pela ampla jornada de trabalho,
iniciaram protestos que reivindicavam uma diminuição da jornada, que levou a
redução de 12 para 11 horas diárias. Contudo, essa redução não significou um
abrandamento das atividades. Efetivamente ela significou uma maior
intensificação do trabalho, uma vez que operário deveria produzir a mesma ou
uma quantidade maior de mercadoria em uma hora a menos de expediente.
A
Fábrica
Marx fala da divisão do trabalho na fábrica, destacando que o grupo
organizado da manufatura é substituído pela conexão entre o trabalhador
principal e seus auxiliares, num processo de cooperação simples.
Trabalhador principal:
toma conta da máquina motriz.
Trabalhadores auxiliares: alimentam
a máquina com o material a ser trabalhado, geralmente eram crianças.
Classe de trabalhadores de nível
superior: os que controlam a maquinaria e cuidam dos reparos. Exemplo: Engenheiros,
mecânicos, marceneiros, etc. São diferentes dos trabalhadores, pois estão
apenas agregados a eles. Seu trabalho é puramente técnico.
Para o bom desempenho das máquinas a aprendizagem do trabalhador começar
desde cedo, iniciando ainda criança. Tal trabalho acaba sendo bastante difícil,
causando esgotamento físico dos trabalhadores. É de destaque a péssima condição
de trabalho, onde os trabalhadores ficavam vulneráveis a doenças, devido às
elevadas temperaturas, atmosfera poluída de resíduos de matéria prima, barulho
ensurdecedor, dentre outras.
Os acidentes eram frequentes no ambiente da
fábrica, principalmente nas sextas e sábados, dias destinados à limpeza das máquinas,
estas ainda em funcionamento e tal trabalho não era remunerado. Também haviam
as penalidades impostas aos trabalhadores, caso eles não cumprissem as normas
estabelecidas. Tais penalidades ocasionavam multas e descontos salariais.
Fábricas. Imagem disponível no link |
Teoria
da compensação
Com o surgimento da
máquina, que por sua vez teve consequências diretas na vida do trabalhador,
várias teorias surgiram para reafirmar o ponto positivo do emprego da mesma.
Dentre os teóricos economistas, existia uma teoria que afirmava uma compensação
relativa ao desemprego causado pelo uso da máquina. A teoria do capital
formulada por Marx confronta essa visão.
A composição do capital
muda: O capital variável do qual Marx
fala seria a remuneração dos trabalhadores que por sua vez, ao serem demitidos,
libera-se esse capital transformando-o em capital
constante empregado na máquina. Os trabalhadores então passam a fazer parte
das forças disponíveis para o mercado de trabalho, que ficam à disposição da
exploração capitalista, pois na medida que ocorrem as demissões, esse mercado
só cresce, e o capital que antes poderia ser distribuído pelos trabalhadores,
passa a fazer parte do capital acumulado pela minoria.
Indústria
Moderna: artesanato, manufatura e trabalho
à
domicílio
Com a repercussão do
sistema fabril houve um processo de transformação que resultou numa divisão do trabalho graças
à maquinaria, adentrando progressivamente nos processos parciais das
manufaturas e também na indústria à domicílio, trabalho exercido na residência
dos trabalhadores ou em pequenas oficinas, caracterizado pela exploração do
capital através da indústria caseira. Essa última atividade estava dividida
entre a modalidade de produção de rendas e traçados de palha, produzindo
espaços de mulheres e crianças.
Esta revolução
industrial que se processa de maneira espontânea e artificialmente acelerada
pela extensão das leis fabris para todos os ramos onde trabalhavam mulheres e
crianças. A regulamentação coativa da jornada de trabalho estabelece a duração,
as pausas, os começos e o fim da jornada, o sistema de turnos das crianças,
etc. nas fábricas e nas manufaturas que não estão ainda subordinadas à lei
fabril, reina periodicamente o mais terrível excesso de trabalho durante estações
ou temporadas.
Legislação
fabril inglesa - 1864
Disposições
sobre a higiene
O capitalismo burla as
leis, os regulamentos sobre a higiene são pobres, muitas vezes se restringem a pintar
paredes, a ventilação e pouca ou nenhuma proteção contra máquinas perigosas.
A lei da ventilação se
fazia necessária, uma vez que os ambientes eram insalubres e pestilentos. Seu teor
também acelera a transformação de pequenos estabelecimentos em fábricas,
assegurando o monopólio dos grandes capitalistas, uma vez que os pequenos
fabricantes não teriam recursos financeiros para adequar a ventilação para
todos os funcionários. A falta de ambientes ventilados causava a tuberculose e outras
doenças pulmonares. Para Marx o aumento do número de fábricas é proporcional ao
número de acidentes.
Instrução
primária e emprego de crianças
Crianças menores de 14
anos não podem ser enviadas às fábricas sem estarem ao mesmo tempo na escola
primária. Os inspetores da fábrica descobrem nos depoimentos de metre escolas
que as crianças que trabalhavam e frequentavam a instituição escolar aprendiam
tanto ou mais do que as que não trabalhavam. Considerando ser uma válvula de
escape devido às mudanças de ambiente e atividades. Para Marx (2002), esse é um
discurso do capitalista, no qual quem trabalha está mais disposto quando chega
à escola, mais apto a aprender. Para os capitalistas as crianças que permanecem
na escola o dia inteiro são improdutivas devido à monotonia, além de levarem ao
desgaste da força do professor.
É desse sistema de
fábrica que vai surgir o ensino técnico profissionalizante, para que se possam
desenvolver seres humanos plenamente capacitados para o trabalho. Institui-se uma
modalidade de trabalho, na qual é preciso uma versatilidade do trabalhador, o
ser humano capacitado para as necessidades variáveis do trabalho, por isso a
inserção da educação na lei. Assim sendo o capitalismo se reinventa a seu benefício.
Trabalho
a domicílio
A indústria moderna vai
dissolver o trabalho familiar, domiciliar, as leis não regiam sobre esse
trabalho. Os capitalistas afirmavam que as crianças eram exploradas pelos
próprios pais, no entanto o que notasse é que elas trabalhavam brincando, era
uma ajuda na qual havia uma flexibilidade de horários. Todavia, é na fábrica
onde se dará os abusos, a criança será forçada todo dia a um trabalho cansativo
e repetitivo.
Em relação à generalização
da lei fabril de 1864, os donos de fábrica queriam igualdade de exploração, cumprimento
das leis por todos os patrões. Sendo está lei abrangendo agora a indústria de
cerâmica, têxtil, usinas siderúrgicas de cobre, fábrica de máquinas e oficinas.
A lei que regia sobre
as minas era a de 1842, que proibia o trabalho embaixo da terra realizado por mulheres
e crianças com menos de 10 anos.
Indústria
moderna e agricultura
Na agricultura moderna
o emprego da maquinaria está livre de prejuízos físicos para o trabalhador, o
qual de modo inverso acontecia na fábrica. A indústria moderna destrói a velha
estrutura social, onde o camponês é substituído pelo trabalhador assalariado.
As transformações
sociais e as oposições de classes são igualadas as da cidade. Os métodos
rotineiros são substituídos pela aplicação da tecnologia e da ciência, todo o
conhecimento acumulado, uso da ciência em favor da maquinaria.
Há uma quebra dos laços
que unia agricultura e manufatura. Agora na produção capitalista unense a
agricultura e indústria. De tal modo, quanto maior o crescimento populacional,
mas produtos devem ser produzidos.
É no campo que o
capitalista encontrará força motriz para o seu maquinário, como força da água,
dos ventos etc. O processo capitalista se dará por meio da exploração do
trabalhador e também de todos os recursos naturais do solo. Quanto mais rápido
se da o processo de indústria moderna mais rápido ocorre à destruição.
Palavras
finais
A construção da
tecnologia é história. Com a industrialização e o fortalecimento do capitalismo,
há a potencialização da extração da mais-valia, parte não remunerada do
trabalho.
Historicamente a mais-valia
se acumula a cada máquina nova, consequentemente o trabalho intensifica, ocasionando
o maior lucro e sonegação por parte do capitalista. Assim o texto de Marx faz crítica
ao uso da máquina, como ela foi desenvolvida para o trabalho a serviço do
capital.
“É
duvidoso que as invenções mecânicas feitas até agora tenham aliviado a labuta
diária de algum ser humano.” (John Stuart Mill).